sexta-feira, 29 de junho de 2007

Boas Práticas Constructivas.

Para além do seu baixo custo e do seu processo tecnológico simples, a arquitectura de terra possui características térmicas e acústicas excelentes. No entanto, as construções em terra são particularmente vulneráveis a fenómenos naturais tais como sismos, chuva e inundações. A construção tradicional em terra possui uma resposta fraca à acção sísmica sofrendo danos severos ou colapso total, e causando a perda de vidas humanas e bens. A deficiência sísmica é provocada pelo elevado peso das construções, a reduzida resistência mecânica e o comportamento frágil.

As características mais importantes para melhorar a resistência sísmica de uma construção em terra são as seguintes:
  • escolha adequada dos materiais;
  • presença do nível freático a profundidade adequada;
  • boa qualidade da execução;
  • definição de uma solução estrutural robusta.
Como recomendações gerais, sugere-se que se construam casas de apenas um piso em Portugal, que a cobertura seja o mais leve possível (se não acessível) ou que seja executado com recurso a abóbadas (se acessível), e que a fundação seja firme. A cobertura deve estar sempre convenientemente ligada às paredes.

A forma do edifício deve ser regular e simétrica, idealmente de planta rectangular (ou com associação de volumes rectangulares independente, separados por juntas). As paredes devem desenvolver-se de forma contínua em ambas as direcções. Os edifícios de maior área poderão ter um pátio interior para ventilação e iluminação, com drenagem adequada, em vez de recorrer a plantas com protuberâncias, em T ou L.

As paredes deverão possuir uma altura inferior a 7 vezes a sua espessura (com um máximo de 3,50m) e um comprimento livre inferior a 10 vezes a espessura da parede (com um máximo de 5m). Caso se adoptem comprimentos superiores é necessário promover contrafortes adicionais pelo exterior. As aberturas deverão possuir uma largura máxima de 1,20m, com um máximo de um terço do comprimento da parede, e os nembos formados entre aberturas deverão ter uma largura mínima também de 1,20m. O prolongamento dos lintéis para cada lado da abertura deve possuir um comprimento mínimo de 0,30m. A espessura mínima das paredes deve ser de 0,40m, ainda que as paredes de taipa devam ser efectuadas com espessura variável em altura (com um mínimo de 0,3m de espessura no topo e um alargamento para base no exterior com um declive de 1:12).

As fundações devem ser consideradas, em geral, com uma largura entre uma vez e duas vezes a espessura da parede, dependendo da altura do construção e da qualidade do terreno de fundação, e com uma profundidade mínima de 0,40m. Recomenda-se que a fundação seja realizada em alvenaria de tijolo ou pedra, utilizando argamassa com ligante hidráulico. Desejavelmente, deveria ainda existir um plinto realizado na mesma alvenaria com uma altura mínima de 0,30m acima do nível do terreno, acima do qual se coloca uma membrana hidrófuga e, em seguida, a construção em terra.

Desejavelmente deverão ser ainda tomadas medidas anti-sísmicas que incluam pilastras nos cantos e intersecções de paredes, com um desenvolvimento mínimo igual à espessura da parede. Outras soluções possíveis de melhoramento sísmico são:
  • a utilização de armadura (no caso português em madeira ou, em alternativa, em redes ou varões de aço e fibra de vidro) no interior das paredes ou à face das mesmas (estrutura tipo pombalina);
  • a utilização de uma viga-cinta em madeira no coroamento da parede.

http://www.civil.uminho.pt/masonry/Publications/Update_Webpage/2005%20Arquitectura%20em%20Terra.pdf

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