terça-feira, 26 de junho de 2007

Taipa? Taipa de Pilão? Mas o que é isso?

O termo taipa, genericamente empregado, significa a utilização de solo, argila ou terra como matéria-prima básica de construção.

Taipa de Pilão recebe esta denominação por ser socada (apiloada) com o auxílio de uma mão de pilão. A forma que sustenta o material durante sua secagem é denominada de taipal, que até hoje significa componentes laterais de formas de madeira. As argilas são escolhidas pelo próprio taipeiro que conhecia de forma empírica as propriedades físicas do material e do componente construtivo, seleccionando-a com o tacto e visualmente. As argilas não devem conter areias ou pedregulhos de húmus ou outros materiais orgânicos. O solo deve ser "esfarelado" e em seguida adicionada água, que misturada com o solo, formam este material de construção amigo do ambiente. As quantidades de água de solo devem ajustadas consoante o tipo de solo, não existindo uma regra. Deve-se obter um produto final nem muito seco nem muito húmido para que a compactação seja boa.

No nosso trabalho introduzimos o solo na betoneira durante uns minutos para que este fosse "esfarelado" e em seguida foi adicionada a água. O traço solo-água utilizado para o solo que possuíamos foi de 11-1. De salientar uma vez mais que a maior ou menor qualidade da taipa se deve ao tacto do taipeiro.

Após o preparo da argamassa de barro, esta é disposta dentro do taipal, em camadas de 10 a 15 cm, que depois de perfeitamente apiloadas ficam com espessuras menores. Como as espessuras das paredes variam de 30 a 120 cm, o taipeiro ou auxiliar trabalha dentro do taipal, o que facilita o adensamento. O apiloamento é interrompido quando a taipa emite um som metálico característico, o que significa a mínima quantidade de vazios ou que o adensamento manual máximo das argilas foi atingido.

O sistema de taipais tradicional é o mostrado na figura seguinte, no entanto neste momento pode ser utilizada cofragem metálica (como nos usamos) para servirem de taipais, uma vez que são de rápida e fácil montagem.
Em relação a outros materiais clássicos de construção, o solo (terra, argila ou barro), apresenta as seguintes vantagens e desvantagens:

Vantagens:

  • A terra crua regula a humidade ambiental: o barro possui a capacidade de absorver e perder mais rapidamente a humidade que os demais materiais de construção;
  • A terra armazena calor: como outros materiais densos como as alvenarias de pedra, o barro armazena o calor durante sua exposição aos raios solares e perde-o lentamente quando a temperatura externa estiver baixa;
    As construções com terra crua economizam muita energia e diminuem a contaminação ambiental. As construções com terra praticamente não contaminam o ambiente, pois para prepará-las necessita-se de 1 a 2% da energia despendida com uma construção similar com concreto armado ou tijolos cozidos;
  • O processo é totalmente reciclável: as construções com solo podem ser demolidas e reaproveitadas múltiplas vezes. Basta fragmentar e voltar ao processo de preparo da massa de terra.

Desvantagens:

  • Não é um material de construção padronizado: sua composição depende das características geológicas e climáticas da região. Podem variar composição, resistências mecânicas, cores, texturas e comportamento. Para avaliar essas características são necessários ensaios que indicam as providências correctivas para corrigi-las com aditivos.
  • É permeável: as construções com terra crua são permeáveis e estão mais susceptíveis às águas, sejam pluviais, do solo ou de instalações. Para sanar esse problema é necessária a protecção dos elementos construtivos: seja com detalhes arquitectónicos ou com materiais e camadas impermeáveis.
  • retracção: o solo sofre deformações significativas durante a secagem gerando fissuras e trincas.

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